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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Simples...


E, então, tudo pode, de repente, sem mais nem menos, se tornar mais simples.

Simples como fazer um filme de uma palavra só, e com uma protagonista de mesmo nome. Simples como estar entediado e ligar pra alguém pra transar. Simples como dessa transa surgir uma gravidez, que você só descobre depois de 3 destes testes de caixinha, 10 litros de suco de laranja, e umas 2 ou 3 piadas do farmacêutico que compartilhou o momento com você, ao invés de seus pais.

Simples como o simples fato de não querer ter um filho, e simples como achar quem o queira ao ler um simples anúncio de jornal. Simples como decidir, então, doá-lo para este alguém que quer, pode e aceita ter este bebê, muito mais do que você. Simples como poder fazer tudo isso, sem ter nenhuma regra ou lei que venha e estrague a simplicidade desta história.

E daí tudo pode ser tão simples... simples como comparar seu “feto” a um cavalo marinho, ou como encarar a vida com os simples olhos dos 16 anos. Simples como não esconder nada de ninguém, nem ficar chorando ou se lamentando pelos cantos. É... simples! Simples como se olhar
no espelho e se comparar a um planeta, e como cortar o “cóis” de todas as suas calças e substituí-los por elásticos. Simples como não querer ver o rosto do filho ao nascer, porque simplesmente isto agora é o que menos importa, e com certeza ele será bem mais feliz longe de você.

Eu sei, e por isso percebo que tudo poderia ser tão mais simples. Simples como dizer: “e ai?!”, depois de dois ou três meses, e levar a conversa numa boa. Simples como fazer um trabalho a dois, ou cozinhar, enquanto você lava os pratos. Simples como vestir a camisa de um time que você nunca antes tinha ouvido falar. Simples como quebrar a perna, e com as pernas de alguém voltar a andar.

Simples como tomar sol de óculos escuros, ou tomar cerveja no copo de plástico que você achou boiando no mar. Simples e mole como fazer “guaca-mole”, com uma receita que você acabou de inventar. Simples como não conseguir parar de chorar ao te ver ir embora, ou dormir ao seu lado e depois acordar.

Simples... simples... simples. Só assim eu percebo que, como no filme, tudo na vida da gente pode ser muito mais simples, se simplesmente a gente deixar.


* Baseado no filme "Juno"

2 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente ainda não assisti ao filme... sabia que a roteirista premiada pelo oscar era uma simples prostituta?!

lembrei de um texto de rubem alves que eu gosto e que ele aborda essa simplicidade indiretamente... acabei achando no próprio site dele: http://www.rubemalves.com.br/sobresimplicidadeesabedoria.htm

Chan. disse...

É simplista achar que tudo pode ser simples. Na ficção pode. Na vida, não aconselho...
Aqui a gente não pode levantar e ir embora depois da musica bonitinha... Tem o prólogo...